segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Juventude Madura

Menina! Essa juventude de hoje tá danada! Onde já se viu?! Nessa idade beijando, requebrando desse jeito... Olha isso! Essa garotada está pertida! . Eles não têm cultura, não fazem nada! Amiga você sabe né?! A gente passa dos cinqüenta tudo começa a cair, e aí começa puxar aqui, corta ali... A gente tem que se conservar! Eu? Velho? (risos) Posso estar com a idade avançada, mas tenho o espírito jovem! Temos sempre que manter o espírito jovem!

Uma grande tristeza que eu pude ter a amargura de sentir, foi uma mesa de pessoas de setenta e tantos anos se auto-proclamando jovens. Me senti insultado. Por mais vigorosos e lúcidos que eles estivessem, por mais atentos e dispostos e interessados. Por mais brincalhões e estimulados e estimulantes! Não! Não são jovens. Não são e ponto final. Essa fobia da maturidade é tão imatura que quase se justifica. É absurdo negar a influência do tempo na vida. Nascemos, vivemos e morremos. Não tem mistério. O homem não é eterno. Se o medo for da morte, sinto dizer que até os jovens morrem. E morrem de tudo quanto é jeito. De acidente e doença também!

A juventude é qualquer coisa. Desde a preguiça até a ingenuidade... Juventude é um grupo de pessoas de uma idade. É estranho ver essas pessoas de mais idade falando o quanto ainda são jovens e estão inteirões, conservados e como é importante se manter cheio de energia e em seguida notar que despercebidamente o assunto foi para os cabelos brancos e ralos, as dores, o pouco sono, a aposentadoria... É minimamente engraçado ver como eles não percebem que ser conservado e ter energia não é atributo de jovem e sim de quem gosta de um estilo de vida assim. Querer viver não tem validade.

Existe uma essência nos jovens que é inegável e quase inimitável. A mistura da descoberta com vontade de falar sobre ela. Muito antes de cabelos sedosos, corpo sarado ou qualquer outro estereótipo, a juventude é marcada pela imersão no mundo. Este segmento da humanidade é marcado pelo começo. São as pessoas que assistem a um filme clássico pela primeira vez. Que tem o primeiro trabalho, a primeira transa, o primeiro porre... É a iniciação na vida adulta. É um meio termo conflitante e interessante. É único e próprio.

Querer ser jovem para sempre é burrice. É nadar contra a corrente. Querer respirar de baixo d´água. Não dá. A vida tem seus momentos. Cada momento tem sua graça. Existe o momento de ser filho, o momento de ser pai, o momento de ser avô. Cada tempo no seu tempo. Cada um no seu contexto. É mais do que necessário a dissociação dos jovens com a alegria e disposição. Esses atributos cabem a todas as idades. Do jovem, é exclusivo, apenas a idade e sua história.

Que o corpo caia, que a vista piore, que as dores cheguem, que a visão amplie, que os novos jovens sejam mais ou menos caretas, que os trabalhos cheguem, que os sonhos se concretizem, que a vida se faça, que a morte passe, que os outros cresçam, que o mundo siga, que todos possam se entender como são, não como foram.

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