quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Entre Los Hermanos e a disputa presidencial (conclusões infernais)

Pois é... Pelo visto meus vinte e poucos anos vão ser realmente bem frustrantes. Descobri por esses dias que a humanidade não presta. Aí já viu né... fudeu. Por um grande acidente do acaso e de minha percepção quase tão distraída quanto torta, vi da maneira mais nítida o quanto não se pode confiar na palavra de um outro ser humano.

Eu como um belo e digno cidadão civilizado e educado, prezo pela moral e bons costumes da sociedade. Não por mim, mas pelo bem comum. Acredito que quando todos forem respeitados e tiverem oportunidades iguais em todos os aspectos, o país vai pra frente. Vejo nas crianças o futuro, nos adultos a sabedoria e nos jovens da minha idade, a seriedade e comprometimento dignos da força e ingenuidade cabíveis à sua facha etária.

Daqui a onze dias, as eleições presidenciais acontecerão. O Brasil está entre Dilma e Serra. PT VS PSDB. A população está partida. É e-mail pra cá, e-mail pra lá... Uns defendem, uns atacam... Argumentos de todos os calões. Debates calorosos, comerciais afiados e incessantes! Tantas polêmicas! Dois seres maquiados falando “acredite em mim”. Ha!

De quebra, esses dias, aqui em salvador, teve o show de Los Hermanos, que estão em recesso indeterminado. O show lotou. Cheguei 1 hora antes de o portão abrir. A fila estava quilométrica! Atenção, meu caro leitor. Esta é a hora decisiva em que eu fecho meu argumento sobre como parei de acreditar no ser humano. No meu caminho derrotado até o fim da fila, um amigo viu um amigo que nos chamou para juntarmos a ele. Sem pensar duas vezes, eu furei a fila. Eu, um cidadão civilizado e educado que preza pelo bem comum. Entrei sem nem olhar pra trás. Não quis saber quem era que estava atrás de mim. Ao longo do caminho até o portão de entrada, tive ainda a cara de pau de reclamar das pessoas que estavam furando a fila na minha frente ao mesmo tempo em que resmungavam aqueles que foram “furados” por mim.

Moral da história: Se eu furo fila e tenho consciência do quão inadequado é meu ato, se eu tenho a frieza de cagar para todos os outros atrás de mim que já estão a horas esperando entrar, se eu ainda reclamo com os que entrarem na minha frente, se eu que sou minha referência de humanidade faço isso, como vou acreditar no meu potencial de voto? Quem sou eu para discernir quem presta e quem não presta. Eu acho que, pelo visto, vou querer alguém que me ajude a furar fila.

Vejo dois candidatos que prezam a honestidade, a transparência, a justiça, a religiosidade, o respeito à vida, o meio ambiente! Meu deus! Eu não consigo suportar tanta bondade! Eles não me representam! Eu colo chiclete de baixo da mesa, eu não separo lixo seletivo, eu já cobicei a mulher do vizinho!

Como acreditar no ser humano? Como é possível acreditar em um sistema humano que funcione?! Pelamordedeus! Qualquer um que projete um futuro próspero para nós é ingênuo. Vivemos na lei do menos pior.

O ideal não existe nem em pensamento.

Um comentário:

  1. É broto,
    São essas descobertas, essa lucidez... Que fode tudo.
    Queria eu a sorte da ignorância para conseguir ter uma consciência tranquila. Mas é sempre a mesma inconstância.

    A humanidade não presta, nem em pensamento.

    Precisamos de uma mesa de bar e umas cervejas! hahah

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