segunda-feira, 5 de abril de 2010

Um breve reencontro

Bom dia! – disse ela, com as bochechas coradas de suor e vergonha. Suor por ter corrido até o ponto de encontro. Vergonha... Vergonha não.

Nervosismo de estar de novo em frente a um quase fantasma, quase mito, quase amor platônico e inteiro par.

E aí? Quer fazer o que? – disse ele, com um sorriso Mona Lisa de canto de boca e as mãos no bolso, se segurando pra não jogá-la na parede em plena praça pública.

O que você quiser. – na verdade, ela estava pensando: Vamos ao cinema e expulsar as pessoas de dentro e ver um filme sozinhos! E vamos comer pizza, de todos os sabores possíveis e vamos nadar nus na praia às 5 da manhã e vamos ficar horas sem conseguir desgrudar os lábios um do outro?

A gente pode ir andando até resolver – na verdade, ele estava pensando nas curvas que há muito não via, nem tocava. Nem sabia onde as pintas e as marcas dos machucados estavam mais e mal podia esperar para decorá-los.

Andaram os dois, com risadinhas no meio das frases. Pausas atropeladas. Aqueles assuntos que surgem do nada e não vão a lugar nenhum. Não se olhavam nos olhos por muito tempo.

Andaram até cansar dos subterfúgios.

Ela parou em frente a um prédio rebuscado, a 4 quarteirões de sua casa. Segurou-o nos braços. Olhou em seus olhos por segundos que não se contam, foi sorrindo à medida que percebia o que estava acontecendo. Ele estava ali, na sua frente, de verdade. No meio de uma rua por onde pessoas passavam, fofocavam, saíam do trabalho, falavam no celular. Mas essas pessoas não existiam.

Aproximou-se de seu rosto, fechou os olhos para sentir melhor, escutou sua respiração e...

Estava sendo beijada. Um beijo doce, mas impaciente, tenro, mas com tendências violentas. Apostaram corrida até sua casa. Ele chegou primeiro. Estava esperando-a na portaria. Aquela, rosa, mas que foi reformada.

Passaram pelos corredores kubrikianos, subiram o elevador, em silêncio cúmplice. Ela apertou sua mão e o puxou para o apartamento. A porta se fechou e lá dentro, nossa imaginação continuou.

Quando deitados, um ao lado do outro, cansados, exaustos(!), puderam conversar com aquela intimidade, aquela liberdade destemida dos relaxados, dos destencionados, dos bobos sorridentes despreocupados.

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